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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A TRADIÇÃO MILITAR NA HISTÓRIA DO JAPÃO


A utilização extensiva do termo “marcial” é explicada pela extraordinária, e ainda excessiva, importância dada pelos japoneses, mesmo hoje, na tradição militar, na função da classe militar e na formação do destino da nação, na ética adotada por esse sistema para justificar sua existência e sua policia.
Essa importância é baseada no fato de que, quando se refere genericamente à experiência marcial japonesa, refere-se ao uma dos mais longos e antigos envolvimentos da nação nessa dimensão. Isso pode ser comprovado pela opinião de alguns historiadores de que toda a autenticidade da história japonesa é comprometida com um vasto episódio: a ascensão e a queda do poder militar.
Por séculos, essas verdades, bem como o modo de vida que representavam, foram incalculáveis para o caráter japonês, se estendendo a todas as classes sociais e dando vida a cada estágio do desenvolvimento nacional.
Foi um processo de doutrinação opressiva, de cima para baixo, consciente e inconsciente em alguns aspectos, que se iniciou no final do período Nara com a emergência dos clãs guerreiros, cujos serviços eram incalculáveis para os clãs feudais dos nobres da corte (kuge) e para o imperador (tenno) durante seus conflitos pelo poder.
Os bushi trouxeram com eles suas idéias simples de excelência, traduzindo concretamente numa lealdade pessoal a seu superior direto dispostos a lutar e a morrer sem a menor hesitação.
Essas idéias, de acordo com registros históricos, contrastavam com a alta sofisticação e introspecção da cultura de Nara.
O contraste foi resolvido através da imposição das armas.
Muitos clãs aristocratas foram totalmente destruídos e os poucos nobres que sobreviveram eram desprovidos de qualquer influência efetiva, ficando restritos a representação da corte imperial junto com o imperador. Também foram destruídos os monastérios e bibliotecas que contivessem a essência da cultura Heian: escrituras, registros e obras de arte.
O modo do guerreiro foi brutal e súbita na conscientização de toda a população.
Em milhões de incidentes, todos pequenos, porém de grande importância social, o drama do confronto mortal entre dois homens foi repetido na história muitas e muitas vezes a ponto dessa experiência particular humana se tornar um aspecto intrínseco à alma japonesa.
Na verdade, durante o período Tokugawa, as tradições da classe militar, sob uma antiga e contínua cultura, condicionaram tão fortemente o caráter nacional de maneira que os japoneses foram naturalmente descritos como um povo habituado a guerras.
A intensidades de lutas e conflitos civis impressionava qualquer um que tivesse como referência os períodos de guerras européias. No entanto, para os próprios japoneses, esse período de combates era considerado normal por seus habitantes. A prova disso é a maneira que os japoneses chamam seu país, como a “Terra da Grande Paz”, embora as ruas de Edo possuíssem nomes de implementos de guerra, como Armadura, Elmo, Arco, Flecha etc.
A classe samurai teve sucesso na completa saturação do psique nacional com um interpretação particular do espírito nacional (Yamato-damashii), na imposição de seus valores sobre o resto do país e no congelamento histórico do estágio de desenvolvimento caracterizado pelo feudalismo. Porém, isso só pode ser avaliado no início do período Meiji, em meados de 1868.
Esse período vai evidenciar que, o fim da classe militar, só aconteceria através da restauração do poder ao imperador.
O poder do clã Tokugawa e de seus aliados foi severamente encurtado pelos esforços do outros poderosos clãs de guerra, incluindo os Choshu e Satsuma, que queriam um novo Japão, cujo núcleo seria centrado no Exército Imperial e na Marinha, destinados a grandes glórias e grandes desastres nas décadas que se seguiriam.
A restauração foi uma ritualística “troca de guarda”, com ondas de guerreiros avançando das províncias para a capital, onde eles finalmente abandonaram a estabilidade da antiga e privilegiada classe de guerreiros.
Foi essa nova liderança que guiou a nação aos tempos liberais da era moderna.
Isso provocou uma expansão dos conceitos da era feudal, de total obediência ao superior direto, à total obediência ao imperador.
Os membros da classe militar continuaram com os conceitos antigos pela crença e seu destino, bem como a crença do destino de seu país desde tempos imemoriais. Com o tempo, membros de cada classe passaram a adotar essa crença como destino próprio.
No início do século XX, esse processo de identificação militar numa escala de nacionalidade, cresceu e se estendeu a ponto das autoridades convencerem os descendentes da Terra da Grande Paz, que foram destituídos do direito de portar espadas por quase três séculos, de que não faziam parte de uma classe oprimida, mas membros de uma raça de guerra.
A doutrina política e militar japonesa foi, de fato, um grande sucesso. Foi também um sucesso durante o período Tokugawa, quando a incalculável tradição militar, sob o comando da alta classe, tinha o controle.
O Japão exportou seu próprio conceito de país como uma nação de guerreiros. Ao mesmo tempo, descobriram novos e eficientes métodos de tradução da tradição para a conduta política, que a nação adotou e aplicou em países como a Manchúria, China, Malásia e Filipinas.
Essa tática foi inabalável até a rendição do Japão em 2 de setembro de 1945, onde ficou claro que a força militar japonesa precipitou um colapso, não só na firme crença de uma política governamental particular, mas atualmente em todo o universo moral da nação japonesa.
Soou inacreditável que esse fato pudesse ter acontecido com o passado divino, numa nação cujas origens desde a história da humanidade era destinada ou sucesso, ou que o caminho (michi) da raça que triunfaria sobre todas as outras, fosse considerada imperfeita.
Isso gerou em imigrantes que habitavam o Brasil o famoso movimento conhecido como Shindo Renmei.
A tradição clássica, desde a tradição militar do país, se confronta com o Japão atual. É através da arte que o “lorde” feudal, o samurai ou líderes independentes de guerras, ou mesmos os “ronin” (guerreiro sem senhor) ganham vida em seus caminhos diabólicos, entremeando a memória dos japoneses em seus cotidianos com o kabuki e em aventuras de filmes (chambara).

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